
Dirijo dentro da noite veloz.
Fumaça. Carros. Ciclistas atropelados.
Pelo retrovisor, vou deixando pra trás todas as ilusões.
Mas, a esperança ainda me alcança pelos cabelos,
com seu braço longo.
Noiva cadáver, arrasto os sonhos amarrados no para-choque,
pendurados pelas ruas,
enquanto fujo dos teus abraços.
Enfrento o frio da noite e os fantasmas da dúvida.
Estrangulo os filhos da culpa.
Entro num túnel de estrelas, mas desapareço na escuridão.
A velha desdentada me agarra
e me embala feito criança parida na calçada.
Ela me abraça e me conta os seus segredos.
Me cobre os seios. Tapa as minhas vergonhas.
E decreta o meu desterro.