Submersa no oceano que me habita
minha casa emerge a sua chegada.
As janelas são cisnes que abrem suas asas
em eterna posição de vôo.
Pela tromba do elefante
espio o pouso da sua nave interestelar
penteando as àguas descabeladas de Netuno.
Os tenazes guerreiros postados às portas
persistem em eterna posição de lótus.
E as sereias que me fazem companhia,
tramando comigo a infinita rede
de dias e noites,
(onde, como o poeta, descansa o tempo)
se alvoroçam com sua presença,
fria e mortal
deus titânico das marés,
skywalker das galáxias.
Seus dedos riscam anéis de luzes em meu corpo
bordejam borboletas so blues,
brincam de tatuar serpentes azuis
que deslizam sobre a minha pele
e desaparecem na praia de areia fina
e escaldante
do meio dia.
Despertas a fúria da mulher tempestade
que em mim reside.
E, depois de uma noite de temporais em seus braços,
alço vôo nas asas dos cisnes das janelas.
Parto em busca da eterna Jangada de Medusa.
O infinito mar de Itapuã, agora, é apenas um cochilo.
Marisa Sevilha Rodrigues
Itapuã, dezembro de 2006.