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NOTURNO DE CHOPIN PARA ÍSIS
Nadava nua na piscina gelada, acima da lua, embaixo dos peixes,entre o antes e o depois. O tudo e o agora, um fim em si mesmo.Uma consternação no peito em flor.Uma dor. De cotovelo. Um amor quase perfeito. Mais que perfeito.Um passado. Um presente em transe. Um ser que nada, vira sereia.Encanta os mares e…
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Ávida Vida
O dia em sua gravidezme ventae a tez das alvoradasme divinaA brisa da saúdeme elementae o abraço da alegriame meninaA tarde em sua placidezme vestee a vista da vontademe devassaA senha do crepúsculome lestee o sonho da comuniãome massaA noite em sua avidezme vastae a paridez da músicame guiaA inspiração dos magosme devastae a produção…
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As Doze Liturgias do Abandono
Em peixes de estimaçãoinclino-me tempo de escamasAlvoroço vértebras insustentáveisàs defesas da carne,Não sei mais das vésperasque guardavam o resto.O futuro descuidou de minha fé:escaparam os anjos que eu tinha.Isólithus: jamais terei a sorte dos peixes,
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Manuscritos de Água
Você desabotoou minha garganta.Que eu abrisse todos os casulos.Soltasse as borboletas que recém nasciam.Vestiu minha pele de pele de pássaro. E lua.
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VIL AMOR
Teu corpo como um livro Tatuado,VivoEu leio como um cegoDeslizo sobre o vidroDesmonto como um legoEspalho sem juízoO coração entregoPerverso paraíso.Se vício você fosseUm breve amor bonitolascívia agridoceInstante infinitoVazante que me trouxeSuave como um gritoDelícia de açoite Gemido.Quem tu és? quem eu sou?Um revés, um torporMar nos pés,visgo e dor Vil amorUm dragão reveladotatuado no…
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Péricles Prade
Durante a rajada de vento vejo o que surgeno espelho da penteadeira à minha frente:no espelho eu sou apenas o que sobrou de um náufrago no istmo de Wu,istmo que fica na parte setentrional da Villa Marítima de Narayama.Só vejo o que surge muito perto de mim:por exemplo, sobre a pianola,flagro o verme surdo que…
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Como dragões com medo
Ouça o silêncio sem fantasias.É tudo um mistério,parece impossível a misericórdiadiante de tanta miséria,diante de nossa entrópica sina.O leão ruge em nossa menteverdadeiros inimigos,num quando de liberdade escravizadapor emoções atrofiadas.Cegos distantes da intuição,Caminhamos,enquanto o medo, nosso pai,impõe-nos limites.Bons encontros, buscamos,repudiando o diferente,doentes do coraçãocomo dragões reinando em morta existência.Longe do fogo.Então, por que me urges?Que…
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Apneia
Queria morar na casa do sonho, sópor um tempo.Onde o medo fica do lado de fora sem uivar.Não esqueço o leite dos gatos.